A voz incorporou o hino e os anjos levaram ao céu.

 Epílogo à Eraldina 


A divisão musical que dá significado ao estilo e padrão ao verso poético, a partir deste momento entoa um cântico diferente. Nas estrofes desta composição a música agora fará uma passagem entre letra, voz, musica e interlocução. 

Passando esse novo som, percebo que no tempo em que o hino da padroeira é cantado, há um desprendimento nostálgico de quem o canta. É algo que supera o entendimento humano e transcende o espírito que agora não mais faz parte de nós. É algo como se a música houvesse levado a voz para dentro da canção. 

O personagem central da letra, que é Princesa do céu, usa sua autoridade maternal para elevar a voz que para muitos se calou, fazendo dela uma reprodução celestial. Diante de um coro angelical, Eraldina vê de perto agora aquela que é nossa Padroeira. 

Não há palco modesto, nem coro auxiliar que supere o púlpito que está preparado para o seu canto, nem tão pouco o coral de anjos que lhe aguardam. E volto a dizer, que há uma passagem de alma em doçura, no olhar de Maria, e que privilégio ela irá agora desfrutar. 

Nada agora é mais importante, senão tua presença bem junto do pai, com o semblante sempre vigoroso de quem se orgulha da amizade construída, em um laço musical e afetivo entre a Conceição cantada e a venerante dedicada. 

Agora depois de ter me debruçado a pensar na tua trajetória, eu jamais vou esquecer que de ti terei sempre a certeza de que todo aquele arrepio acompanhado de um misto de emoção, nostalgia e paz clerical, ao entoar a canção como ninguém, entendo que o encontro de Mãe e filha respondem o encanto natural entre voz e inspiração, venerada e venerante, nesse momento lindo de passagem, calmo, sereno e compreensível de quem pôde fazer a leitura deste momento com o coração. 

Há um detalhe não menos importante, que só há dor e sofrimento quando existe um ponto final. Mas a música nos ensina, que nenhuma frase, estrofe ou refrão, pode terminar em ponto final, uma vez que a poesia impede o fim daquilo que é infinito. 


"És do céu princesa

E padroeira nossa

Olha aos filhos teus

Nas lidas desta vida

Pois aqui estamos 

Oh virgem soberana

Trazendo os louvores

De tua Toritama" 


Por Jessé Aciole