O Trapalhão Dedé Santana foi a grande atração do espetáculo de estréia do Real Circo.
Aos 81 anos, o carioca de Niterói, Manfried Sant'Anna, mais conhecido como Dedé Santana foi a principal atração do espetáculo de estréia do Real Circo. No picadeiro o "Trapalhão" brincou e interagiu com a platéia, que sua vez se esbaldou em risos.
Antes de se apresentar, Dedé Santana concedeu uma entrevista exclusiva ao Jornal Vertentes Notícias. Ele falou de sua trajetória profissional, projetos atuais e futuros.
Wendell: Como, quando e onde surgiu o Dedé Santana?
Dedé Santana: O Dedé Santana nasceu num circo. Eu sou membro de uma oitava geração circense. Onde vivi minha infância e parte da juventude. Depois fui pro teatro, televisão e cinema.
Wendell: Quantos anos de carreira?
Dedé Santana: Desde mil novecentos e antigamente, nem lembro mais, mas posso dizer que nasci, nasci no circo e ainda de colo, com três meses de vida minha mãe me levava para o picadeiro. Aos sete anos de idade já era palhaço. Desde sempre, o circo é minha vida.
Wendell: Você ficou conhecido nacionalmente nos trapalhões. Como e quando surgiu os trapalhões?
Dedé Santana: O encontro dos quatros integrantes dos "Trapalhões", foi na verdade uma coincidência. Na realidade primeiro foi a dupla, Dedé e Didi. Fizemos uma dupla por muito tempo. Os Trapalhões surgiu mais tarde, com a vinda do Mussum pra o grupo. O Mussum fui eu que o trouxe. Depois veio o Zacarias, trazido pelo Didi. Didi encontrou o "Zaca" em Minas Gerais numa turnê. Foi um pessoal que deu certo. Digamos a união perfeita.
Wendell: Como é pro Dedé Santana pessoa saber que é um símbolo de alegria para várias gerações?
Dedé Santana: Sei lá cara. Eu não sei explicar com palavras. É algo muito lindo, eu me emociono sempre. Em cada apresentação, cada cidade que eu chego é uma emoção diferente. Aqui em Toritama eu me encantei pelo jeito da cidade. Uma cidade industrial, digo, onde a produção das roupas jeans está inserida no vida das pessoas. Em Toritama eu fui muito bem recebido, me encantei com a indústria. É tanto que eu estou levando um monte de roupas pra minha mulher e minha filha (Brincou).
Wendell: Como é que você conseguiu levar o Palhaço Dedé Santana para a TV?
Dedé Santana: Cara, naturalmente. Quando me vi já estava na TV. Eu levei o humor circense pra televisão. Sempre tive o circo vivo dentro de mim.
Wendell: Tem algum espetáculo ou apresentação que ficou marcado na história do Dedé?
Dedé Santana: Ah! Todos os espetáculos e apresentações são inesquecíveis. Mas o que ficou marcado na história dos Trapalhões foi quando numa união com o Beto Carrero, colocamos um circo na Barra da Tijuca. E o projeto era de se apresentar em três finais de semana e o sucesso foi tanto que ficamos lá por quase um ano, com casa cheia. Já imaginou, lotar um circo quase todo dia durante um ano. Isso é inesquecível.
Wendell: Nas telas e telões qual filme ou produção cinematográfica mais te marcou?
Dedé Santana: Nas telas e telões quase todos, mas o que mais me chamou atenção foi a produção, "A Filha dos Trapalhões", que é roteiro e direção nossa, uma obra onde eu relato tudo o que é passado dentro de um circo. Essa produção marcou muito pra mim.
Wendell: Toda sua vida foi de trabalho, ou houve algum momento que você ficou afastado da TV. Fala-se muito que você teria ficado afastado das telas. Verdade?
Dedé Santana: Desde que entrei no mundo das telas e telões, eu jamais saí, ou fui afastado. Agora, eu passei um tempo da minha carreira profissional fazendo trabalhos internacionais. Destaque para um trabalho em Portugal. Onde fizemos ao lado do Didi, um bom trabalho chamado"Os Trapalhões em Portugal", era só Dedé e Didi. Trabalho este que durou pouco mais de quatro anos. Podem pesquisar na internet. Foi um programa que ficou por quatro anos em primeiro lugar em audiência.
Depois voltei para o Brasil, foi quando fui chamado para fazer a "Escolinha do Barulho" na Rede Record e em seguida veio o "Dedé e o Comando Maluco" e logo depois voltamos para a TV GLOBO.
Wendell: Qual a tua opinião sobre a nova versão dos "Trapalhões"?
Dedé Santana: Rapaz, eu fiquei muito emocionado com o projeto. Fiquei muito encantado com todos eles. O Mumusinho, o Gui Santana que faz o Zacarias, todos foram sensacionais. O Lucas Veloso, o Didico, dispensa comentários. Filho de um artista talentoso, o nordestino Shaolin. Shaolin e eu trocamos muitas ligações, éramos bons amigos. Eu era fã.
Dos novos trapalhões eu só não gostei do Dedeco, era muito mais bonito do que eu, (brincadeira). Todos realizaram um bom trabalho, sensacional.
Wendell: Você além da TV, você também participou de grandes produções cinematográficas. Fale um pouco disso?
Dedé Santana: Cara o cinema é outra coisa que eu amo fazer. E este ano eu já fiz cinco filmes. Entre eles destaque para o "Shaolin do Sertão", "Saltimbancos Trapalhões Rumo a Hollywood", "Repartição do Tempo", o "Balé da Morte", dentre outros. Rapaz é filme que não acaba mais.
Wendell: Dedé Santana sem os companheiros, Mussum e Zacarias?
Dedé Santana: Foi uma perda irreparável. Foi uma coisa muito triste pra nós. Uma perda em cada tempo, mas que doeu e até hoje sentimos falta. Foi quando decidimos largar de vez "Os Trapalhões". Foi quando fomos chamados para Portugal e diante disso surgiram os boatos de que Dedé e Didi brigaram, mas foi. Foi uma saída para seguir com a carreira sem eles. Junto com eles também se foi uma parte de nós.
Wendell: Que mensagem você daria para teus fãs?
Dedé Santana: Obrigado a todos por tudo que vocês nos proporcionam. Sou feliz por essa energia que emana de vocês. Peço a Deus que vos abençoe sempre. Muito obrigado por tudo. Fiquem com Deus.
Por Wendell Galdino