O PIB do segundo trimestre teve um crescimento de 1,2% em relação aos três primeiros meses do ano, apontam dados divulgados nesta quinta (1°) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
É o quarto movimento de alta consecutivo em comparação com o trimestre anterior. Também é quatro vezes superior à estimativa prévia para os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgada na segunda, e que foi de 0,3%.
Setores em destaque
O maior crescimento foi registrado na indústria, com uma expansão de 2,2%, seguida pelos serviços (1,3%) e agropecuária (0,5%). Do lado das despesas, o desempenho do PIB foi puxado pela formação bruta de capital fixo - nome dado ao investimento no setor produtivo -, que cresceu 4,8% em relação ao trimestre anterior. O consumo das famílias também veio em alta: 2,6%. Já os gastos do governo caíram 0,9%.
Na indústria, a alta de 2,2% foi o segundo resultado positivo consecutivo do setor. Foi a taxa positiva mais alta para a indústria desde o terceiro trimestre de 2020 (14,7%), quando o setor começava a se recuperar dos efeitos da pandemia e tinha uma base de comparação depreciada. Esse crescimento se deve aos desempenhos positivos de 3,1% na atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, de 2,7% na construção, de 2,2% nas indústrias extrativas e de 1,7% nas indústrias de transformação.
“Houve crescimento em todos os subsetores da indústria. Um deles é a construção civil, que vem enfrentando problemas há anos e foi bastante afetada na pandemia, mas está se recuperando há alguns trimestres”, avalia a coordenadora de contas nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Ela complementa que o avanço da atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos é explicado pelo desligamento das usinas térmicas, que resultou no fim da bandeira tarifária de escassez hídrica. “No início do ano, houve esse desligamento e o aumento do uso das energias renováveis, que são mais baratas”, pontua.
O crescimento no segundo trimestre foi impactado pela alta de 1,3% nos serviços. “Os serviços estão pesando 70% da economia, então têm um impacto maior nesse resultado. Dentro dos serviços, outras atividades de serviços (3,3%), transportes (3,0%) e informação e comunicação (2,9%) avançaram e puxaram essa alta. Em outras atividades de serviços, estão os serviços presenciais, que estavam represados durante a pandemia, como os restaurantes e hotéis, por exemplo”, explica Palis.
Crescimento acumulado em quatro trimestres
Também houve crescimento no acumulado dos quatro trimestres terminados em junho de 2022, o PIB cresceu 2,6%, comparado aos quatro trimestres imediatamente anteriores. No ano, o PIB acumula alta de 2,5%.
Nos últimos meses, a economia brasileira vem surpreendendo positivamente. Arrecadação federal, emprego, crédito e utilização da capacidade instalada confirmam essa dinâmica. E, neste segundo semestre, também há o impacto dos programas de auxílio do governo federal.
Prévias do PIB já indicavam uma tendência à continuidade do crescimento da atividade econômica no país. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) avançou 0,57% no segundo trimestre, comparativamente ao primeiro. E o Monitor do PIB, da Fundação Getulio Vargas (FGV) sinalizava para uma variação maior: 1,1%.
Resultados são melhores do que o 2° trimestre de 2021
Quando comparado a igual período do ano anterior, o PIB cresceu 3,2% no segundo trimestre de 2022.
A agropecuária caiu 2,5% em relação a igual período de 2021. Entre os produtos agrícolas, cujas safras são significativas no segundo trimestre, a soja (-12,0%) e o arroz (-8,5%) apresentaram decréscimo na estimativa de produção anual e perda de produtividade. Já o milho e o café apontaram crescimento em 2022, estimado em 27,0% e 8,6%, respectivamente. Já as estimativas da pecuária deram uma contribuição positiva ao desempenho da agropecuária no segundo trimestre, com destaque para os bovinos.
A indústria cresceu 1,9%, sendo que a atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos foi a que registrou melhor resultado (10,8%). O desempenho é influenciado, principalmente, pelo desligamento de térmicas.
O PIB dos serviços avançou 4,5% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Os melhores resultados se deram em outras atividades de serviços (13,6%) e transporte, armazenagem e correio (11,7%).
No segundo trimestre, a Despesa de Consumo das Famílias cresceu 5,3%. O resultado positivo foi influenciado pelo crescimento da massa salarial real, aumento do crédito a pessoas físicas em relação ao segundo trimestre de 2021, além do saque extraordinário do FGTS e antecipação do décimo terceiro salário para aposentados e pensionistas do INSS.
O investimento produtivo avançou 1,5% no segundo trimestre de 2022. Este aumento é justificado, principalmente, pelo crescimento da construção e no desenvolvimento de software. Os gastos do governo cresceram 0,7% ante o segundo trimestre de 2021.
No setor externo, as exportações de bens e serviços caíram 4,8%, ao passo que a queda das importações de bens e serviços foi de 1,1% no segundo trimestre de 2022. Dentre as exportações de bens, a queda é explicada pelos produtos agropecuários (em especial a soja); extração de petróleo e gás; extração de minerais metálicos; e derivados do petróleo. Por outro lado, as importações caíram principalmente devido à queda nas compras de máquinas e aparelhos elétricos; metalurgia; extração de petróleo e gás; e produtos de metal.
Por Vandré Kramer