Serra: Senado é chance de retomar projeto político.
Esmaecido politicamente, o ex-ministro José Serra afirmou a aliados que o retorno ao Senado poderia permitir sua volta à cena política. Para colaboradores de Serra, a saída do Ministério das Relações Exteriores, anunciada na noite desta quarta (22), é o único caminho de que o tucano dispõe para reativar seus projetos eleitorais a partir de São Paulo.
Em conversas ocorridas antes de seu desligamento do Ministério, Serra queixou-se de "tédio". Também reclamou de seu isolamento político —produto de uma agenda consumida por assuntos internacionais— e da dificuldade de manter atividades no Estado de São Paulo.
O Senado cobre, por exemplo, gastos do escritório político de cada parlamentar, benefício que perdeu ao assumir o cargo de chanceler. O ex-ministro lamentou ainda da falta de visibilidade. Suas ações no ministério não tinham o efeito público desejado.
Submetido a uma cirurgia na coluna em dezembro, Serra vinha se queixando de dores. Em fevereiro, após uma série de exames, foi aconselhado a evitar viagens. Ainda assim, confirmou participação na primeira reunião do G20, na Alemanha.
Ao voltar, lamentou que uma viagem de mais de 12 horas tenha rendido tão pouco.
Segundo tucanos, Serra passou a avaliar que o custo físico da permanência no ministério era muito maior do que os frutos políticos que ele conseguia obter na pasta. Nas palavras de um amigo, a continuidade no cargo oferecia "poucos prós para muitos contras".
Outro amigo de Serra definiu o Itamaraty como "um universo paralelo". O presidente Michel Temer chegou a pedir para que Serra permanecesse mais algum tempo à frente do ministério, que desse ao governo um prazo para a busca de um nome. Mas, após ler um laudo médico apresentado por Serra, reconheceu que não havia forma de ele permanecer no cargo.
Ainda segundo aliados, Serra cogitou deixar o anúncio da saída para depois do Carnaval, mas foi aconselhado a não postergar a situação, até para evitar vazamentos e constrangimentos ao presidente.
Do Blog do Magno Martins.