Temer diz acreditar ter os votos para aprovar PEC do teto na Câmara.
O presidente Michel Temer disse em entrevista exibida na noite desta sexta-feira (7) pelo telejornal SBT Brasil acreditar já ter os votos necessários para aprovar a proposta de emenda constitucional que limita a despesa pública, a chamada PEC do teto de gastos.
A previsão é que a proposta seja votada na segunda-feira (10) no plenário da Câmara. Na última quinta (6), foi aprovada pela comissão especial que trata do assunto.
“Se eu for me pautar pelo resultado da votação na comissão, que foi 23 votos a favor e sete votos contrários, isso representa 75% no critério da proporcionalidade. Se eu adotar esse critério, vai a quase 380, 390 votos. Mas, evidentemente, nós temos os pés no chão. Se nós obtivermos os 308 votos necessários para aprovação da emenda constitucional, já estamos satisfeitíssimos”, afirmou.
Temer disse que, se a previsão se confirmar, o número de votos dará “um tom de força e de prestígio” do governo em relação ao Legislativo.
O presidente voltou a negar que a PEC que limita os gastos vá resultar em cortes em áreas essenciais como saúde e educação.
“O teto não é um teto para educação, um teto para a saúde, um teto para a Justiça, um teto para a cultura. O teto é global, é geral. Então, você pega áreas fundamentais, como saúde e educação, e continuará prestigiando-as ao longo do tempo.”
Reforma da Previdência
O presidente reconheceu que a reforma da Previdência é fundamental para que a PEC do teto dos gastos tenha resultado efetivo.
Ele afirmou que ainda não bateu o martelo sobre a idade mínima para aposentadoria que constará na proposta de reforma, mas disse deve ficar entre os 65 anos.
“Prego uma pequena diferença para as mulheres, basta verificar o que ela passa no lar e ao mesmo tempo no trabalho.”
O presidente disse defender também um abono para o trabalhador que contribuir por mais tempo, seja no serviço público ou no privado. “Mas não há nada em definitivo ainda. Estamos em estudos, examinando vários aspectos”, ressaltou Temer.
O presidente disse que “não é improvável” que apoie o aumento da contribuição para a previdência de servidores da União e dos Estados de 11% para 14%. Afirmou ainda ser contra a desvinculação do aumento das aposentadorias e pensões do reajuste real do salário mínimo.
Segundo Michel Temer, no cronograma do governo vem primeiro a aprovação da PEC dos gastos públicos, em seguida a reforma da previdência e só depois começarão as discussões sobre a reforma trabalhista.
Ministros
Temer negou que tenha pedido para seus ministros não darem declarações após episódios envolvendo Geddel Vieira Lima (Casa Civil) e Alexandre de Moraes.
Ele precisou contestar declaração de Geddel sobre a possibilidade de anistia para crimes de caixa 2. E teve que chamar Moraes para dar explicações sobre ter falado em um evento, em 25 de setembro, que haveria operação da Lava Jato naquela semana. No dia seguinte o ex-ministro Antonio Palocci foi preso.
“Foram escorregões, mas sem maiores consequências institucionais. Pedi que falassem adequadamente”, afirmou.
Campanha eleitoral
O presidente afirmou que não fará campanha para os candidatos da base aliada que disputam o segundo turno para prefeito.
“É evidente que, se houver agressões muito grandes ao governo, aí haverá uma participação de esclarecimento.”
Ao avaliar o resultado do primeiro turno, Temer afirmou que a base governista teve “uma vitória estrondosa”.
Lava Jato e impeachment
Ao comentar a declaração do minstro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki de que a apresentação da denúncia contra o ex-presidente Lula pelos procuradores de Curitiba foi um “espetáculo midiático”, o presidente afirmou que não há abusos na Operação Lava Jato.
“Eu não olharia o espetáculo que foi feito ou que não foi feito. Eu olharia o teor da denúncia. E ao contestar, contestaria o teor da acusação.”
O presidente também comentou a declaração do ministro do STF Ricardo Lewandowski de que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi “um tropeço na democracia”. Para Temer, ele se referia a um tropeço histórico.
“Não acredito que ele quis dizer que foi uma coisa irregular. Por um motivo singelo: foi ele quem presidiu o impedimento”, declarou.
Do G1, em São Paulo