PSB cresce na eleição e sonha com 2018.
Com uma estratégia de eleger prefeitos e vereadores em cidades grandes e médias, onde se concentra a maioria do eleitorado, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) obteve 8,3 milhões de votos nas urnas, no primeiro turno das eleições municipais. Essa conquista que colocou o partido atrás somente do PMDB e do PSDB, nessa fase, foi motivo de comemoração entre as lideranças, que chegaram a se reunir em Brasília, logo após o resultado, para fazer um balanço já de olho na disputa presidencial de 2018.
Foram eleitos, por ora, 414 prefeitos, quando, em 2012, saíram vitoriosos 443 candidatos em municípios de menor porte. Mas naquela época, a legenda tinha nomes de muito peso, como os dos ex-governadores do Ceará Ciro Gomes e de Pernambuco Eduardo Campos. Campos morreu em acidente aéreo às vésperas das eleições de 2014, quando era candidato à Presidência da República.
Ciro Gomes migrou para o PDT, em 2013, levando com ele dezenas de prefeitos. O número de prefeituras controladas caiu para 404, em função de sua saída da sigla. Por isso, levando em conta o quadro atual, o resultado é considerado positivo e houve ganho substancial. O presidente do partido, Carlos Siqueira, contou que a recuperação do espaço foi possível, mesmo lançando menos candidatos do que na eleição anterior.
O número de vereadores cresceu em relação a 2012, passando de 3.556 para 3.637. Na contabilidade, ainda entram 387 vice-prefeitos com as mais diversas alianças. Mas a aproximação partidária que tem se revelado mais vantajosa é com o PSDB, traduzida no desempenho em dois dos maiores colégios eleitorais do país. Em São Paulo, onde o socialista Marcio França, é o vice do governador Geraldo Alckmim, houve vitória em 41 cidades ante as 30 de 2012, sendo a de Campinas a mais festejada, em função da força de seus 850 mil eleitores.
Em Belo Horizonte, o empresário Paulo Brant, que acabou desistindo da disputa da prefeitura da capital temendo condenação administrativa, foi secretário de Cultura no governo de Aécio Neves. Mas a relação com o PSDB no estado contribuiu para o crescimento de 31 para 47 administrações municipais.
Já na Paraíba, o crescimento vertiginoso de 35 para 53 prefeituras é atribuída à liderança do governador socialista Ricardo Coutinho, ex-aliado do tucano Cassio Cunha Lima, a quem derrotou em 2014, se reelegendo. Coutinho já comandou também a prefeitura da capital, João Pessoa.
Ao se colocar no grupo de legendas tidas mais à esquerda, o partido acredita ter espaço para crescer ainda muito entre eleitores menos conservadores. Com o encolhimento do PT, que garantiu apenas 256 cidades, e do PDT, 334, o PSB está no topo da lista entre as legendas que se intitulam como progressistas. E deixa mais para trás, o PPS, com 118 municípios, e o PCdoB, com 80.
A expectativa é aumentar ainda mais a participação da legenda com as disputas no segundo turno. O PSB briga para conquistar três capitais: Goiânia, Recife e Aracaju, além das cidades de Olinda, Niterói, Petrópolis, Guarujá, Guarulhos e Mauá.
Sucessão
O presidente do PSB tem dito que setores do partido desejam abrigar a candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência, em 2018. Isso poderia ocorrer na hipótese de o governador de São Paulo não encontrar espaço em sua própria legenda, e prevalecer, por exemplo, o nome do senador Aécio Neves, que preside o PSDB. A campanha vitoriosa do afilhado político de Alckmin, João Doria, para a capital mais importante do país, no entanto, fortalece o nome do governador dentro do próprio partido.
“Isso é coisa para discutir mais à frente”, despista Siqueira, que, em entrevista ao Correio, defende candidatura própria em 2018, embora não tenha ainda um nome natural. “Muita água ainda vai rolar até lá”, afirmou. O objetivo, segundo ele, no momento é dar atenção aos eleitores descontentes, insatisfeitos com o cenário político, o que foi demosntrado nas urnas pelo grande número de abstenções e de votos nulos e brancos. “O recado foi muito claro. Há uma necessidade de qualificar a atividade política” afirmou.
Os mais jovens são o principal alvo do PSB, no momento. “Queremos dar vez e voz a essa militância e investir nas redes sociais, criando um canal de comunicação para estimular o diálogo e a transparência”, explicou Siqueira.
Do Diário