Com meias verdades, Temer criou outro Brasil.
Michel Temer assumiu o papel de caixeiro viajante em almoço com empresários em Nova York. Não poderia haver figurino mais adequado para o presidente de um país que caminha para o terceiro ano consecutivo de recessão. Mas Temer exagerou no otimismo ao dizer que há no Brasil “uma estabilidade política extraordinária”, com “segurança jurídica.” Muitos empresários brasileiros, depois de tomar conhecimento do que Temer disse nos Estados Unidos, gostariam muito de viver nesse Brasil que ele descreve com tanto entusiasmo, seja ele onde for.
Ao assumir a poltrona de Dilma, Temer se autoimpôs a prioridade arrumar as contas públicas, em completo desalinho. O Planalto remeteu ao Congresso a emenda constitucional que fixa o teto para os gastos federais, limitando sua evolução à inflação do ano anterior. No mais, o governo recauchutou o programa de concessões e privatizações que a ideologia de Dilma impediu de caminhar e acomodou nas manchetes duas promessas: a reforma da Previdência e a reforma trabalhista.
Hoje, nem o mandato de Temer pode ser considerado estável. Correm na Justiça Eleitoral os processos que, no limite, podem resultar na cassação da chapa Dilma-Temer. O governo molha a camisa para aprovar o teto de gastos até o fim do ano. E jura que não vai mais torcer o braço de investidores que quiserem participar do programa de concessões, como fazia Dilma. Quanto às reformas da Previdência e trabalhista, vão sendo empurradas para 2017.
Alguém já disse que a propaganda é a arte de contar mentiras completas a partir de meias verdades. Foi mais ou menos o que fez Michel Temer em Nova York.
Do Blog do Magno Marins.