Exterior: imprensa ecoa momento-chave de Dilma e PT.
O pronunciamento de Dilma Rousseff no Senado ecoou no exterior, com jornais como "Wall Street Journal", "Washington Post" e a edição espanhola do "El País" destacando a presidente em suas primeiras páginas, nesta terça (30).
Outros, como "New York Times" e "Guardian", publicaram não só reportagens sobre o que falou, mas editaram vídeos das cenas na TV Senado.
O enunciado de primeira página no "WSJ" foi "Líder suspensa do Brasil apresenta sua defesa". No "El País" , "Rousseff: Foi produzido um golpe de Estado no Brasil".
O "WP" enfatizou o "discurso apaixonado". O "NYT" publicou seu relato sob o título "Rousseff diz que não será silenciada". Primeira frase dela destacada no texto e descrita como "ataque fulminante" contra seus adversários: "Não esperem de mim o silêncio obsequioso dos covardes".
O francês "Le Monde" foi pela mesma linha, com o título "Diante de seus juízes, Dilma Rousseff recusa o 'silêncio obsequioso dos covardes'". O jornal, no fim da semana, publicou editorial , traduzido pelo UOL , afirmando: "Se este não é um golpe de Estado, é no mínimo uma farsa. E as verdadeiras vítimas dessa tragicomédia política infelizmente são os brasileiros".
Para o "Guardian" , "os historiadores devem olhar para a sessão [desta segunda 29] como um momento-chave na derrubada do Partido dos Trabalhadores, que está para ser retirado do poder apesar de não ter perdido uma eleição presidencial desde 2002".
PÓS-DILMA
Na tarde desta terça, o site do "NYT" adiantou texto de opinião de jornalista brasileira, já tratando a presidente no passado e avaliando que "muda o governo, não a política" .
Também de olho no que vem depois do impeachment, a agência de notícias Associated Press despachou a reportagem "Três homens na fila pela Presidência brasileira são acusados de corrupção". Detalha os casos do vice Michel Temer, denunciado pelos ex-senadores Sergio Machado e Delcídio do Amaral, e dos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Renan Calheiros.
Já a agência Bloomberg alertou que a "euforia com o impeachment está cegando" os investidores estrangeiros para o fato, apontado pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, de que neste momento as finanças de "mais de 60% das empresas brasileiras" se deterioram rapidamente, já próximas do rebaixamento. Também o "WSJ" soou o alarme de que "investidores entusiásticos podem estar acreditando demais nos políticosbrasileiros" que estão para aprovar o impeachment.
A mesma Bloomberg destaca nesta terça que o "clã Marinho" , com "três dos top 10 no Índice Bloomberg de Bilionários Brasileiros", vem "tentando deixar para trás um passado que insiste em aparecer pelas frestas do impeachment". É referência à "Idade das Trevas do regime militar" e às acusações de que a cobertura da Rede Globo "ajudou a inclinar a balança" contra Dilma.
Folha de S.Paulo - Nelson de Sá