Quatro mortos e uma tragédia anunciada.
Quatro pessoas mortas nas áreas de morro do Recife e Olinda nesta segunda-feira. As chuvas fortes que atingiram a Região Metropolitana deixaram um saldo de tristeza e destruição, com dois casos graves de deslizamentos de barreiras.
O primeiro aconteceu por volta das 4h na Rua Visconde de Garrét, no bairro de Passarinho, no Recife. A família acordou com a chuva forte. Pai e mãe saíram rapidamente de casa para checar a situação, quando a barreira veio abaixo sobre a residência, onde dormia a filha do casal Ketilin Bianka Santos da Costa, de quatro anos. A menina ficou soterrada, enquanto os pais foram arremessados para fora.
Os vizinhos correram para ajudar a família, buscando a criança embaixo dos escombros. Para o jardineiro Rivaldo da Costa, pai da criança, o deslizamento foi uma tragédia anunciada. A família já tinha alertado o morador da casa de cima acerca do risco ocasionado por uma construção irregular.
Uma equipe da defesa civil do Recife foi ao local para isolar a área. A barreira foi coberta com uma lona plástica para evitar que um novo deslizamento atingisse as casas de baixo. A equipe constatou que o acidente pode ter sido causado pela intervenção na barreira. O secretário de Defesa Civil do Recife, Cássio Sinomar, esteve no local.
Em Olinda, três pessoas morreram e quatro ficaram feridas na Ladeira do Giz, no bairro de Águas Compridas. Todas de um mesma família. O deslizamento da barreira destruiu totalmente duas casas. Na primeira, estavam mãe e filho. Alexandra Xavier de Moraes, de 35 anos, e João Vitor de Moraes, de sete, foram os primeiros atingidos. Bárbara Patrícia, que era sobrinha de Alexandra, estava na casa vizinha e também morreu. O namorado de Bárbara e o marido de Alexandra tentaram ajudar a salvá-los, mas não conseguiram. Acabaram feridos e foram socorridos para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Duas crianças que ficaram parcialmente soterradas foram resgatadas com vida.
Moradores da área alegam ter acionado a Defesa Civil há seis meses, mas denunciam não terem sido atendidos. O zelador Roberto Carlos de Melo, tio de Bárbara, disse que a sobrinha tinha muito medo, sempre que chovia. No local restou um cenário da guerra. Muita lama, escombros das residências atingidas e até os postes com a fiação foram parar no meio da rua. O Corpo de Bombeiros, acionado para resgatar as vítimas, alertou a Defesa Civil para o risco de novos deslizamentos. O aviso de possibilidade de chuvas fortes emitido pela Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) vigora até as 4h da madrugada de terça-feira.