BRASÍLIA - O Conselho de Ética da Câmara ouve a partir das 14h desta terça-feira o lobista Fernando Baiano como testemunha no processo contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de mentir ao negar ter contas no exterior. Baiano é apontado pelos investigadores da Operação Lava-Jato como operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras e afirmou em juízo ter repassado US$ 5 milhões a Cunha, que seria propina de contratos de navio-sonda.
A expectativa é que a defesa de Cunha tente desqualificar o lobista. Os advogados do presidente da Câmara devem questionar o testemunho de Baiano com base na decisão do vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), que restringiu o caso analisado ao fato de Cunha ter mentido na CPI da Petrobras sobre contas no exterior. Os supostos pagamentos de propina a Cunha teriam ocorrido no Brasil e não em contas no exterior.
No início de abril, o empresário Leonardo Meirelles, ex-sócio do doleiro Alberto Youssef, afirmou ao Conselho de Ética que depositou propinas no valor total US$ 5,1 milhões em contas no exterior que teriam como destinatário Eduardo Cunha. Meirelles disse que fez os pagamentos a pedido de Youssef e do lobista Júlio Camargo. Os valores fariam parte de uma propina de US$ 40 milhões que o lobista pagou ao intermediar a contratação de dois navios-sonda da Samsung Heavy Industries para a Petrobras.