O Brasil perdeu 118.776 vagas com carteira assinada em março, mais do que havia perdido em fevereiro ( -104.582 vagas).
É o pior resultado para março em 24 anos, desde 1992, quando a pesquisa começou a ser feita. É, ainda, o 12º mês seguido em que o país perdeu vagas de trabalho --a última vez em que as vagas abertas superaram as fechadas foi em março do ano passado (19,3 mil).
No acumulado de 12 meses até março, são 1.853.076 de postos de trabalho com carteira a menos. Apenas no primeiro trimestre, são 319.150 empregos a menos.
Os dados fazem parte do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e foram divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta sexta-feira (22).
A diminuição tem como pano de fundo o cenário de profunda retração econômica, com a crise política também contribuindo para minar a confiança de empresas e famílias, afetando decisões de investimento.
Só administração pública abriu vagas
O número de empregos cortados é o saldo, ou seja, o total de demissões menos o de contratações no período. Em março, houve 1.374.485 admissões e 1.493.261 demissões.
O fechamento de vagas atingiu sete de oito setores pesquisados. A administração pública foi a única exceção e fechou o mês com saldo positivo, porém modesto:
- Agropecuária: -12.131 (ou -0,78%)
- Construção civil: -24.184 (-0,92%)
- Serviços: -18.654 (ou -0,11%)
- Administração pública: + 4.335 (ou +0,48%)
- Indústria de transformação: -24.856 (ou -0,33%)
- Serviços industriais de utilidade pública: -344 (ou -0,08%)
- Extrativa mineral: -964 (ou -0,46%)
- Comércio: -41.978 vagas (-0,46%)
4 Estados não fecham vagas
Considerados os 26 Estados mais o Distrito Federal, apenas quatro criaram vagas:
- Rio Grande do Sul: + 4.803 postos ou +0,18%, devido à Indústria da Borracha, Fumo e Couros e à Indústria de Calçados;
- Goiás: + 3.331 postos ou +0,28%, em razão da Agropecuária e Indústria Química;
- Roraima: +220 ou +0,43%, pelo desempenho do Comércio;
- Mato Grosso do Sul: +187 postos ou +0,04%, em função da expansão do setor Serviços.
Todos os demais Estados e o Distrito Federal perderam vagas.
O maior número de vagas fechadas foi em São Paulo (-32.616, ou 0,27%). A maior variação foi em Alagoas, com queda de 2,74% no emprego, ou 9.872 vagas a menos.
IBGE faz pesquisa diferente
Os dados divulgados hoje pelo Ministério do Trabalho consideram apenas os empregos com carteira assinada.
Existem outros números sobre desemprego apresentados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que são mais amplos, pois levam em conta todos os trabalhadores, com ou sem carteira.
A Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua mensal registrou que o Brasil tinha, em média, 10,4 milhões de desempregados no trimestre que vai de dezembro de 2015 até fevereiro de 2016.
(Com Reuters)
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