Em Condado, casa de prefeita é apedrejada após bloco de ex-prefeito ser impedido de desfilar.
Uma confusão por causa do impedimento de um bloco carnavalesco de desfilar na cidade de Condado, na Mata Norte, nessa terça-feira (9), gerou revolta na população e culminou com o apedrejamento da casa da prefeita do município, Sandra Félix. O tradicional Bloco do Doutorzinho, patrocinado pelo ex-prefeito do município, o médico Edberto Quental, saiu no Domingo de Carnaval e a organização queria levar o bloco para a rua ontem. O problema é que os organizadores não informaram previamente nem a prefeitura e nem a Polícia Militar sobre o segundo dia de desfile. Em vídeo gravado no WhatsApp, o ex-prefeito responsabiliza a atual prefeita por vetar o evento.
Revoltadas com o cancelamento, mais de 500 pessoas rumaram em direção à casa da prefeita com pedras e dispararam contra o portão até ele ir abaixo. A PM isolou o local e uma viatura ainda está em frente à residência da gestora. “Fiquei presa dentro de casa com minha família, me sentindo indefesa e pensando o que poderia acontecer aos meus filhos, até que a multidão fosse contida”, contou.
Segundo a prefeita, ela obteve vídeos mostrando o médico Edberto Quental incitando o povo a protestar na casa dela para cobrar explicações sobre o cancelamento do evento. Sandra era aliada política do ex-gestor e organizador do bloco, mas os dois romperam politicamente.
A tenente coronel da PM, Marinez Ferreira, explica que houve uma programação prévia com os organizadores de blocos no interior para garantir a segurança nos eventos. No entanto, a comissão organizadora solicitou policiamento apenas para o domingo e resolveu sair na terça também. “Temos um cronograma e não podemos deslocar pessoas de última hora, sem aviso. O que houve foi briga política”, diz Ferreira.
A multidão quebrou o portão, depredou o carro da prefeita e arremessou pedras contra a residência. Em virtude da crise econômica que atingiu em cheio boa parte dos municípios pernambucanos, Condado não organizou eventos de Carnaval este ano.
O ex-prefeito divulgou uma nota de esclarecimento nas redes sociais informando que na sexta pré-Carnaval (5) a Empetur liberou apoio para o bloco sair dois dias. Desde então, explica ele, a comissão organizadora tentou entregar ofício à PM pedindo apoio para o segundo dia do evento.
"Fizemos diversos contatos, até o último momento, com o major responsável pela PM no batalhão de Goiana, e até mesmo o Comando Maior da PM. Tínhamos nos disponibilizado a colocar seguranças de apoio ao bloco, que tradicionalmente nunca houve nenhum incidente, durante 12 anos da sua existência", explica.
De acordo com Quental, a prefeitura foi intransigente ao não receber o ofício e faltou à gestão bom senso para avaliar a proporção do evento já programado. Ao fim da nota, ele acrescenta que "condena todo e qualquer tipo de assédio moral e violência".