Queiroz sai derrotado

O prefeito de Caruaru, José Queiroz (PDT), sofreu uma retumbante derrota na noite da última terça-feira, quando a Câmara de Vereadores rejeitou, em primeira votação, o projeto da nova Feira da Sulanca de Caruaru. A proposta necessitava do voto de dois terços da Casa, ou seja 16 votos dos 23 parlamentares, mas dois vereadores da base – Gilberto de Dora e Demóstenes Veras – votaram contra.
Queiroz perdeu por apenas um voto, obtendo 15. A proposta precisava de dois terços dos votos Uma segunda votação está marcada para amanhã, às 20h. Se for novamente reprovado, só pode voltar a ser discutido no prazo mínimo de um ano. Tumultuada, a sessão extraordinária foi acompanhada pela população no plenário e do lado de fora, através de um telão.
Com as galerias lotadas, a sessão era prevista para começar às 20 horas e foi liberado o acesso da população ao local por volta das 19h30, após "apitaço", cartazes e protestos que fecharam o acesso à Câmara de vereadores pela rua XV de Novembro, no Centro de Caruaru. A Guarda Municipal foi acionada para manter a tranquilidade no prédio. A Polícia Militar também deu apoio na segurança da área.
O vereador Gilberto de Dora (PSB) justificou seu voto contra em plenário. "Na minha opinião, o projeto não foi discutido com a categoria. Meu voto será contra a transferência, é um voto técnico, é um voto de responsabilidade, olhando para aqueles menos favorecidos", afirmou. O vereador Ranilson Enfermeiro (PTB) foi o único que se absteve de votar.
Ele justificou o posicionamento: "Sou contra o projeto que veio para cá, que não me deixou com segurança para votação. Retirar a feira e eu ficar com o peso na consciência de que votei errado. Por segurança, achei melhor me abster. Sou a favor da retirada da feira, mas com um projeto que me dê essa segurança", declarou.
O vereador Rodrigues da Ceaca (PRTB) votou a favor. Ele conta que não esperava o voto contra de Demóstenes Veras (PROS) e a abstenção de Ranilson, visto que eles são parlamentares de situação. "Para mim, foi uma surpresa", ressaltou Rodrigues. Os sulanqueiros comemoraram a decisão dos parlamentares.
Para Cida Assunção, presidente da União dos Feirantes, Sulanqueiros e Ambulantes de Caruaru, a concepção do projeto está errada. “Tem muitas irregularidades que precisam serem corrigidas. Felizmente, nós vencemos a primeira batalha", afirmou. Oito emendas foram apresentadas ao projeto, entre as quais a de a Prefeitura custear a construção e manutenção da feira, com a gratuidade no estacionamento do local e a criação de uma comissão com entidades técnicas para fiscalizar o andamento das obras.
A comissão de Legislação e Redação de Leis da Câmara de Vereadores, entretanto, não aprovou nenhuma das oito emendas sugeridas, resultado na reprovação do projeto original. Os membros da comissão justificaram a reprovação devido à inconstitucionalidade das emendas. Eles disseram que foram encontrados problemas jurídicos em todas. "As emendas eram inconstitucionais. Não podemos criar despesas para um condomínio que nem foi criado ainda", justifica o presidente da Comissão, Marcelo Gomes (PSB).
E O ADIANTAMENTO? – Se a Câmara de Caruaru reprovar a transferência da feira em segunda votação, agendada para amanhã, o prefeito José Queiroz ficará numa situação complicada. Antes de Eduardo Campos passar o Governo para João Lyra, Queiroz recebeu dele um adiantamento para o pagamento do terreno onde projetado para a nova feira. E tão logo Paulo Câmara assumiu, em janeiro deste ano, transferiu o restante do valor, se não me falha a memória num total de R$ 10 milhões.